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Hospital Albert Schweitzer sedia capacitação para agentes públicos e lideranças comunitárias – Foto: Pedro Conforte/Viva Rio
O Hospital Municipal Albert Schweitzer (HMAS), em parceria com o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e a Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT), sediou, nesta quinta-feira (25), treinamento do programa Stop The Bleed (pare o sangramento, salve uma vida). O objetivo do evento foi capacitar para controle de sangramentos agentes públicos e lideranças comunitárias de Realengo, local onde está localizada a unidade, e região.
“É um curso que todos deveriam fazer. É muito importante parar o sangramento para evitar uma morte. Saber salvar uma vida a tempo. Achei fenomenal!”, ressaltou o gestor executivo de Realengo, Paulo Roberto Stumbo, de 69 anos.
Márcia Regina Ferreira Lima dos Santos, de 43 anos, diretora da Escola Municipal Maria Quitéria, em Bangu, também destacou a importância da capacitação.
“O curso foi muito interessante por ser uma ferramenta que auxiliará muito na prática com os alunos da escola. Eles se machucam e na maioria das vezes não sabemos como agir. Agora me sinto preparada para ajudar em uma situação de acidente que possa vir ocorrer na escola”, afirmou.
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Evento capacitou agentes públicos e lideranças comunitárias de Realengo e região – Foto: Pedro Conforte/Viva Rio
No treinamento, os alunos aprendem que, em diversos casos, mesmo com poucos recursos, é possível ajudar uma vítima de trauma, identificando e interrompendo o sangramento. Medidas simples, tomadas por pessoal leigo sensibilizado e bem treinado, no local do incidente, até a chegada do socorro especializado, podem salvar uma vida.
“Ensinamos protocolos de parada de sangramento para leigos. E por que é importante pessoas de fora da unidade hospitalar terem esse conhecimento? Porque sabemos que a primeira pessoa que vê o trauma pode ser o elo mais forte da corrente de salvamento. Se ela tomar algumas medidas antes do paciente chegar ao hospital, pode auxiliar na sobrevida dele, para que ele seja atendido com vida e em condições que nos permitam atuar da melhor maneira”, explica o cirurgião Helio Machado Vieira Jr., coordenador da Clínica Cirúrgica do HMAS e membro do American College of Surgeons.
Armas de fogo – Segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgiões, grande parte das mortes e incapacidades permanentes em decorrência de trauma poderiam ser evitadas se houvesse tratamento inicial rápido e eficiente, inclusive em casos de ferimentos por armas de fogo. O treinamento no HMAS também é resultado da adesão da CBC e do SBAIT à campanha pelo controle das armas de fogo, iniciada pela Viva Rio, em parceria com o Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor e outras instituições da sociedade civil.
No Brasil, das mortes violentas não intencionais 76% foram cometidas por armas de fogo, cujo número em mãos de civis cresceu 94% entre 2018 e maio de 2021, segundo o Anuário de Segurança Pública. Somente o hospital Albert Schweitzer – uma das unidades de referência no atendimento às vítimas de trauma na rede municipal de Saúde do Rio – já atendeu, neste ano, 122 pessoas vítimas de armas de fogo, sendo sete crianças.
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Alunos aprenderam técnicas para conter sangramentos até chegada de socorro especializado – Foto: Pedro Conforte/Viva Rio
Capacitação internacional – O Stop The Bleed é uma campanha mundial liderada pelo American College of Surgeons (ACS), através de seu Comitê de Trauma, e tem por objetivo educar o cidadão e agentes públicos a prestar socorro inicial às vítimas de traumatismos, reconhecendo fontes de sangramento que se não identificadas e contidas podem resultar em morte. Até 2018, já foram treinadas aproximadamente 900 mil pessoas no mundo, fazendo a diferença em 102 países.
Créditos: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro