Florence Nigthingale, uma enfermeira à frente do seu tempo.

De família rica, ela contrariou a tudo e todos para seguir sua vocação, conta o TCBC Alfredo Guarischi

Imagem publicada no site do Jornal O Globo

Florence Nightingale (1820-1910) nasceu em Florença. Sua família tinha casas no campo e em Londres e tudo mais que o dinheiro podia comprar, porém o que mais desejava era ajudar os necessitados. Aos 20 anos de idade, implorava aos seus pais poderosos que abdicassem do desejo de ter uma menina prendada, esperando um casamento pomposo, e a deixassem com seu entusiasmo pela matemática e pela estatística.

Não lhe faltaram pretendentes, mas queria ser enfermeira, numa época na qual essa profissão não era tida como adequada para uma moça educada e muito menos de família rica como a dela. Seria terrível deixar uma filha ser enfermeira. Aos 29 anos, viajou pela Europa para ver o trabalho da enfermagem em diferentes hospitais, iniciando seus estudos como enfermeira no Egito. Trabalhou posteriormente na Alemanha e na França, retornando a Londres para chefiar o Instituto de Cuidados de Senhoras Carentes e Doentes.

Em reconhecimento ao seu trabalho, o Ministério da Defesa solicitou que ela criasse o primeiro grupo de enfermeiras para atender os feridos na Guerra da Criméia, na qual Inglaterra, França e Turquia se uniram contra a Rússia. Ela desafiou os generais médicos ingleses demonstrando que os soldados feridos tinham 10 vezes mais chances de morrer de uma doença hospitalar, como cólera, tifo e falta de higiene, do que no campo de batalha. Melhorando as condições sanitárias dos hospitais militares, sistematizando a lavagem das mãos e das enfermarias, a mortalidade caiu de 60% para 42%.

De volta à Inglaterra, só conseguiu convencer sua amiga, a Rainha Victoria, das condições sanitárias precárias de Londres quando seu marido, o Príncipe Albert, morreu de febre tifóide, em 1861.

Foram inúmeras publicações entre livros e relatórios. Seu livro “Notas sobre Enfermagem, o que é e o que não é”, de 1859, “… não foi escrito para ensinar enfermeiras a serem enfermeiras, mas para ajudar pessoas que cuidam de suas famílias como verdadeiras enfermeiras”. Nele escreveu sobre seus 14 anos iniciais de experiência hospitalar com ventilação, barulho, limpeza – das paredes às roupas –, carinho e observação do paciente, temas ainda atuais 159 anos depois.

Membro honorário da Associação Estatística Americana e primeira mulher a receber a Ordem ao Mérito da Inglaterra, foi na época a principal transformadora da enfermagem, demonstrando a necessidade de só se fazerem julgamentos com base em dados suficientes – ao ver, ouvir e sentir o paciente.
Em 12 de maio, dê um abraço em um enfermeiro ou enfermeira no dia em que se comemora essa profissão tão bela e importante. *

*  Artigo publicado no Jornal O Globo – editoria Sociedade – 8/05/2018