Histórias que inspiram – Cirurgião conta como foi gerenciar um hospital de campanha durante a pandemia

Apesar da rotina cansativa, médico afirma que foi uma experiência única fazer parte deste trabalho

Foto: Adilton Venegeroles (@adiltonvenegeroles)

984. Este foi o número de vidas que ganharam uma nova oportunidade após superar a COVID-19 no Hospital de Campanha (HCAMP) do Wet’n Wild, em Salvador (BA). O cirurgião geral e mestre do capítulo da Bahia do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), Luiz Vianna, atuou como diretor médico da unidade e conta como foi encarar este desafio em mais uma história que inspira na série do CBC. Inaugurado no dia 12 de maio de 2020, o HCAMP atendeu pacientes infectados pelo novo coronavírus e que foram encaminhados pela central de regulação do Sistema Único de Saúde (SUS) até o mês de novembro. Com 70 leitos de UTI e 80 leitos de enfermaria, a estrutura foi montada do zero. Vianna participou da montagem da equipe de saúde e trabalhou na busca por remédios e equipamentos para o tratamento da COVID-19. Ele também visitava os pacientes diariamente e avaliava as altas médicas, além de liderar um grupo de cerca de 800 funcionários.

Foto: Adilton Venegeroles (@adiltonvenegeroles)

“Quando aceitei o desafio de participar da implantação e dirigir um hospital de campanha, apesar de muito receio, sentia-me obrigado a contribuir de alguma forma, diante do cenário sombrio que passávamos. Apesar de ser cirurgião, sempre gostei da medicina crítica, emergência e terapia intensiva. Independente da especialidade, como médico tinha o dever de fazer a minha parte. Não me arrependo de absolutamente nada. Foram momentos difíceis, mas o empenho de todos os profissionais que se engajaram, a felicidade dos familiares e pacientes a cada alta, o carinho e o respeito de toda a equipe, fizeram tudo isso valer a pena. Tenho muito orgulho de afirmar que concluímos o nosso trabalho de forma honrosa. Foram 984 pacientes que puderam retornar para suas famílias. Aos que se foram – pacientes e profissionais – meus sentimentos e imenso respeito”, destaca.

Foto: Adilton Venegeroles (@adiltonvenegeroles)

 

Além de ser grato à equipe, o cirurgião acredita que esta foi uma das experiências mais gratificantes de toda a sua vida profissional e afirma que apesar desta guerra estar longe de terminar, a batalha foi vencida. “Este projeto foi maravilhoso, nos deixa muito orgulhosos pela quantidade de vidas, pelos pacientes que devolvemos às famílias, por cada funcionário e gestor que trabalhou nesse projeto, que acreditou no nosso trabalho. Foram mais de 1.000 admissões e quase mil altas e isso me deixa muito contente e prova que o HCAMP fez a sua parte. Estou certo de que prestamos um grande serviço à sociedade”, finaliza Vianna, que é intensivista, especialista em Gestão em Saúde pela FGV e após a conclusão do HCAMP, voltou às suas atividades habituais como cirurgião.