Papanicolau, o Pai da Citopatologia.

O exame é um dos avanços mais significativos no controle do câncer; maio é o mês de nascimento de Geórgios Papanicolau

Geórgios Papanicolau nasceu em 13 de maio de 1883, na Grécia.

Especializou-se em música e humanidades, pela Universidade de Antenas, mas seu pai, médico, o estimulou a seguir medicina. Formado em 1904, após cumprir o serviço militar como cirurgião, retornou à sua cidade natal para cuidar de pacientes com lepra.

No entanto, queria ser um pesquisador.

Em 1910, recebeu o título de PhD em Zoologia, na Universidade de Munique. No ano seguinte foi morar em Mônaco e trabalhou como fisiologista no famoso Instituto Oceanográfico. Durante a Guerra dos Bálcãs, em 1912, retornou ao serviço militar.

Perseguindo seu sonho, emigrou com sua esposa, Andromache, para Nova York, em 1913, mesmo com pouco dinheiro e sem falar inglês. A sua doce “Mary” foi trabalhar como costureira, e o médico-cientista, como vendedor de tapetes. Posteriormente trabalhou num jornal grego e tocou violino em restaurantes, até conseguir emprego na Faculdade de Medicina da Cornell University.

Estudou o ciclo reprodutivo, utilizando o esfregaço da secreção vaginal em porquinhos-da-índia, tendo observado ao microscópio “… uma riqueza de diversas formas celulares conforme a fase do ciclo”, escreveu, no seu primeiro artigo, em 1915, na Science, a mais importante revista científica do mundo.

Em 1925 identificou células cancerígenas no esfregaço vaginal de uma voluntária. Diante da relevância da descoberta, examinou outras mulheres sabidamente com câncer de útero, confirmando esse diagnóstico no esfregaço vaginal. Apresentou sua técnica simples e eficaz em 1928, mas seu trabalho foi desprezado pelos dez anos seguintes.
Em 1939, conseguiu iniciar o exame do esfregaço vaginal em mulheres no Hospital de Nova York, detectando um número considerável de cânceres precoces. Papanicolau passou a próxima década lutando para provar o valor dos testes e treinando técnicos e patologistas para interpretar esses esfregaços.

No seu trabalho “O valor diagnóstico do esfregaço vaginal no diagnóstico do câncer do útero”, publicado em 1941, no American Journal of Obstetrics and Gynecology, demonstrou os diferentes tipos de células malignas encontrados em pacientes com câncer. Humildemente escreveu que não estava “… ainda diante de uma prova diagnóstica infalível, mas afirmo que nossa experiência teve uma alta percentagem de acordo com o resultado das biopsias”. Alguns eminentes ginecologistas reagiram à publicação, tal como “…nenhum serviço de ginecologia está usando esse exame …”.Vida dura desse humanista, que preferiu a penumbra de seu laboratório aos holofotes e escreveu que “… seu ideal não é ser rico, mas criar, fazer algo digno de um homem ético e forte”.

Não desanimou e continuou ensinando a importância do “… trabalho duro, dedicação e principalmente disciplina”. Escreveu mais de 150 artigos científicos, recebeu diversos prêmios, tendo sido indicado por cinco vezes ao prêmio Nobel de Medicina, nunca tendo ficado clara a razão de jamais ter sido o escolhido.

Tornou-se professor emérito da Cornell, em 1951, e dez anos depois foi dirigir o Instituto do Câncer de Miami, mas faleceu três meses após, devido a um infarto do miocárdio.

O teste de Papanicolau é um dos avanços mais significativos no controle do câncer, sendo 13 de maio, dia do nascimento de Papanicolau, consagrado como o Dia Mundial do Citopatologista.

Não deixe de fazer esse exame, que não dói e salva vidas.

TCBC Alfredo Guarischi

Artigo publicado no jornal O Globo online, edição do dia 21 de maio.