Aceitamos o convite do TCBC Rodrigo Felippe Ramos, Diretor de Publicações do CBC, para escrevermos sobre a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein, um assunto tão interessante e tão desafiador. Não será possível fazê-lo em uma única publicação, portanto solicitamos que o tema fosse desenvolvido em capítulos, tal qual uma novela. A ideia foi aprovada.

Sendo assim, durante algum tempo, você terá aqui e no nosso Boletim acesso à análise e explicação do que se trata o tema. Se houver interesse maior, existe um livro de minha autoria disponível neste link.

Vamos, então, ao Capítulo I. Boa leitura.

Capítulo 1 – INTRODUÇÃO

Por que resolvi escrever um livro sobre a Relatividade de Einstein, um tema difícil de entender e pior ainda de explicar?

Não sou físico, sempre trabalhei na área da saúde. Sou médico, cirurgião de tórax e Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Estou na Santa Casa desde 1974.

Ao lado da minha profissão, uma curiosidade sempre me atormentou, decifrar as teorias de Einstein, principalmente a da Relatividade Restrita e da Relatividade Geral. Foi essa curiosidade irresistível que me moveu a procurar entender este gênio. Assim, há muito tempo venho comprando e lendo livros sobre este assunto escritos por físicos e filósofos. Não são livros técnicos com fórmulas e tudo mais. Não. São livros que trazem conceitos e pouquíssimas fórmulas. Praticamente, são livros para leigos.

Acreditava que nunca compreenderia essas maravilhas. Foram dezenas de obras lidas mais de uma vez. Houve, sim, necessidade de “quebrar a cabeça” em alguns tópicos! Mas… Eureka! Não foi tão difícil, consegui satisfazer a minha curiosidade. Encontrei um caminho suave. Para bem entender Einstein, foi preciso, segundo a minha descoberta, enfrentar passo a passo tudo o que Einstein enfrentou.

É necessário descrever a estrada que o gênio trilhou para a formulação da sua teoria, e não apenas descrever a teoria pronta. Se assim eu fizer, isto é, mostrar a teoria pronta, ninguém conseguirá entendê-la! Por fim, a descoberta de Einstein é tão maravilhosa que quero compartilhar com pessoas comuns, como eu, esse conhecimento.

Jamais teria capacidade substituir os autores (nem conseguiria) consagrados neste tema, apenas quero tentar explicar de maneira bastante lúdica e pouco técnica o que aprendi! Como não sou físico, sou leigo, ficou mais fácil transmitir o meu aprendizado, porque sei exatamente do que o leitor (que também é leigo) precisa para entender!

Antes de tudo, alguns esclarecimentos!

Quando escutamos falar da Teoria da Relatividade Restrita de Einstein, vem logo à mente a dificuldade de entendê-la! É claro, temos curiosidade, porém acreditamos ser impossível decifrá-la. É um temor. Só de pensar em verificar a literatura pertinente, só este fato, já nos rouba a vontade de estudá-la. Pois bem, isso é normal, acontece com todo mundo. Eu mesmo, na primeira vez que li algo a respeito, logo fiquei com uma vontade imensa de desistir.

Bem, com um pouco de paciência e um pouco de persistência, eis que tudo se revelou e tive o prazer de sentir, ao final, a beleza dessa teoria com todas as suas implicações!

Existem vários livros na literatura nacional e estrangeira que tentam nos explicar a essência da teoria. Sim, li todos! Como não sou nenhum gênio (confesso), demorou muito para que eu pudesse afirmar: eu entendi!

Não foi só pela falta de genialidade de minha parte a demora para entender, mas também posso afirmar com toda certeza que estes livros não foram muito claros. Alguns são mal traduzidos, outros não conseguem esclarecer alguns aspectos essenciais e outros ainda não enfatizam algumas passagens que são fundamentais para a nossa completa compreensão.

Então, foi necessário ler ou estudar vários livros, pois, só assim, captando informações de cada um deles, pude ter a alegria e a satisfação de sair vitorioso. Todos esses livros, cada um deles, com informações variadas sobre a teoria, se completam. Exatamente esse aspecto foi o que me motivou escrever este breve relato sobre a Teoria da Relatividade Restrita.

Pretendo, de maneira muito simples, com poucas fórmulas, contar uma história, tendo o cuidado, ao longo da descrição, de esclarecer exatamente os pontos essenciais e comentá-los. Quero chamar a atenção dos leitores para estes aspectos que facilitarão o entendimento.

Quero também trazer para o leitor o que não testemunhei na literatura disponível (e daí a demora e a dificuldade do meu aprendizado) para que ele possa, apenas com este livro, entender, de fato, a teoria. Sei é uma pretensão muito grande, mas aceito o desafio!

Talvez os senhores não tenham dificuldade de entender esta grande teoria. A dificuldade estará em aceitá-la. Verão, ao final, que a teoria envolve fatos muito abstratos. Será necessário uma mente aberta. Isto acontece porque, em nosso cotidiano diário, estamos acostumados com fatos corriqueiros que moldam a nossa mente. Nada fora deste quadro de acontecimentos diários será aceito facilmente. Eu compreendo, mas só estou prevenindo!

Vou dar um pequeno exemplo: se eu afirmar que estou a uma velocidade em relação à terra de 30 km/h, continuo com esta velocidade, mas, se entro em um carro com velocidade de 70 km/h (também em relação à terra), minha velocidade final não será 100 km/h? Você acreditará? Claro que não, você vai depressa afirmar que eu fiz uma conta errada e defenderá com unhas e dentes que a minha velocidade final é sim de 100 km/h! Isto porque é com isso que estamos acostumados desde a tenra infância. Nossa mente não aceita que a velocidade não seja de 100 km/h e ponto final!

Outro exemplo: segundo Einstein, você nunca conseguirá, por mais que você corra, alcançar um raio de luz! Ele estará sempre a 300.000 km/s em relação a você, não importando a sua velocidade. Estranho não?

Senhores, preparem-se!