Webinar reúne especialistas para debater as perspectivas da cirurgia bariátrica e metabólica

Com a participação de profissionais de todo o Brasil, evento apresentou informações relevantes sobre o tema e esclareceu dúvidas dos usuários

Nesta segunda-feira (09/11), o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) realizou o webinar “Perspectivas da cirurgia bariátrica e metabólica”. O evento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do CBC (Facebook, Instagram e YouTube) e contou com a participação de profissionais de todo o Brasil. O TCBC Heládio Feitosa de Castro Filho coordenou o debate, que contou com a presença dos palestrantes TCBC Almino Ramos (SP) e TCBC Marcelo Gonçalves (PB) e dos debatedores TCBC Flávio Kreimer (PE) e Dr. Luís Antônio Cavalcanti Fonseca (PB).

Segundo o TCBC Almino Ramos, a tendência do cenário de obesidade é piorar cada vez mais. O excesso de peso pode diminuir a expectativa de vida de uma pessoa de 10 a 15 anos, além de piorar sua qualidade de vida. “A obesidade é uma doença complexa e multifatorial, ou seja, não dá para apresentar uma causa específica. Ela não é baseada em peso, mas em acúmulo de tecido adiposo. É progressiva, inflamatória e não tem cura”, explicou.

O especialista ressaltou que as mudanças na alimentação levaram a uma alteração dos mecanismos de controle do peso, do termostato do sistema nervoso central, desencadeando um processo inflamatório crônico que gera a obesidade. “O controle do peso vai muito além do excesso de comida e ausência de atividades físicas. Ele é baseado na questão do metabolismo basal”, esclareceu. Neste contexto, Ramos observou que a cirurgia bariátrica auxilia na perda de peso e também na melhora de todo o perfil metabólico e de comorbidades do paciente, com menor risco de doenças cardiovasculares e mais qualidade de vida.

Outro benefício da cirurgia bariátrica é a redução da diabetes. O TCBC Marcelo Gonçalves ressaltou que a diabetes é uma epidemia mundial, com previsão de ter 64 milhões de pessoas com a doença em 2025 no mundo. Só no Brasil, hoje são 14 milhões de pessoas com diabetes tipo 2. A doença gera custos diretos (sistema de saúde, sociedade, o indivíduo e sua família), indiretos (absenteísmo, aposentadoria e morte precoce) e intangíveis (qualidade de vida, ansiedade, dor, desconforto) e é silenciosa. “A cirurgia metabólica é recomendada como uma alternativa para o tratamento da diabetes tipo 2 pela Associação Americana de Diabetes. Uma das perspectivas para esta cirurgia é saber qual é o paciente ideal e existem alguns critérios para a realização da cirurgia, como pacientes com IMC entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m² , idade mínima de 30 anos e máxima de 70 anos e pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) com menos de 10 anos de história da doença, com refratariedade ao tratamento clínico”, esclareceu.

Gonçalves evidenciou que a abordagem metabólica deve ser discutida com um endocrinologista e indicada de maneira individual, de acordo com a realidade de cada paciente. A cirurgia metabólica também é benéfica para tratar outros problemas como obesidade, colesterol, esteatose hepática e hipertensão. “Acontecem um painel de modificações com a cirurgia, com controle glicêmico, melhora da sensibilidade à insulina e melhor utilização da glicose”, acrescentou.

Durante o evento, os internautas enviaram perguntas que foram respondidas pelos especialistas. Confira as duas principais perguntas respondidas:

O internauta Jorge Zeve perguntou se na prática os cirurgiões medem o intestino delgado e variam a medida das alças no by pass.

Resposta do TCBC Almino Ramos: “Eu tenho medido toda vez que eu faço uma cirurgia mais distalizada, mas é algo que me preocupa muito, porque temos uma cirurgia bariátrica hoje muito segura. Se a medição se tornar uma regra amanhã, por exemplo, a mortalidade na cirurgia bariátrica vai dobrar. A gente tem que ir com muita calma, ver o dado da literatura que a gente tem, que por enquanto é muito fraco. Temos  que evoluir na questão da proporcionalidade do intestino. Os trabalhos sobre esse tema até agora de ter uma alça biliopancreática ou ter uma um canal comum de 3 metros e uma alça alimentar de um metro é relativamente seguro para não ter problemas nutricionais independente do quanto fica de alça biliopancreática”.

Jorge Lincolins perguntou se há tendência à anemia no pós-operatório.

Resposta do TCBC Marcelo Gonçalves: “É um ponto muito importante a ser considerado. Há necessidade de avaliar a proporcionalidade e este paciente deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar. Os trabalhos mostram que com o acompanhamento da equipe multidisciplinar a anemia não é uma contraindicação nestes procedimentos com alongamento de alça”.

Agradecemos aos participantes. Parabéns pelo evento!

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