Encontro promove boas práticas e discute os limites éticos da publicidade na medicina.
O último encontro do projeto Café da Justiça, realizado no dia 24 de novembro, abordou “A publicidade médica permitida”. O bate-papo contou com as participações da Dra. Graziela Schmitz Bonin, membro da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos do CRM-SC e do CFM, do Dr. Alex Pereira Souza, membro da A.Couto & Souza Advogados, do Dr. Renato Melo, Professor Associado do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de Goiânia e do nosso mediador Dr. Leonardo Emílio, Vice-presidente setorial do CBC/GO.
Esta não foi a primeira vez que a propaganda na medicina é debatida no Café da Justiça. No dia 13 de outubro o projeto falou de fakes news na publicidade médica, também com a participação da Dra. Graziela, além do Dr. Dênis Calazans, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Posteriormente (17/11), em uma edição do Café sobre ritos processuais dos conselhos, com o Dr. Anastácio Kotzias Neto, Conselheiro Federal e corregedor do CRM-SC, o tema veio à tona novamente.
Em sua fala inicial, o Dr. Alex destacou a importância do assunto e evidenciou o quanto ele está presente no dia a dia de seu escritório. “Cada vez mais aumenta o número de dúvidas, por parte do médico, do que ele pode fazer. Há muitos profissionais que desejam fazer o certo e têm muitas dúvidas.”, acrescentou.
Para iniciar a conversa, ao invés de falar quais são as proibições, a Dra. Graziela se propôs a apresentar bons exemplos de como fazer publicidade médica, em especial na internet. “As proibições estão muito claras na resolução, de certa forma, então basta somente ler os conteúdos”, brincou.
Os cases apresentados pela cirurgiã plástica indicavam boas práticas redes sociais de como preencher o perfil e de quais são os tipos de conteúdos mais indicados para compartilhar neles. Ela falou ainda sobre como é possível interagir com outros usuários, falando de temas relacionados à medicina. A médica apresentou também bons exemplos do que pode ser feito nos sites de hospitais sem que as resoluções sejam desobedecidas.
Na sequência os participantes do encontro iniciaram um rico debate sobre os pontos apresentados pela Dr. Graziele. Uma das provocações feitas pelo Dr. Leonardo a convidada foi um questionamento se as infrações por publicidade médica podem ser tratadas como pequenas. E a cirurgiã foi taxativa ao dizer que considera esta uma das violações mais graves do ponto de vista ético. “A infração de publicidade lesa demais a nossa profissão. Ela compromete o exercício da profissão por todos os outros médicos, que são éticos, não estão na rede social se vendendo como um produto, e sofrem as consequências desse comportamento mercantilista nos seus consultórios”, enfatizou.
Outro tema bastante comentado foi a nova resolução para propaganda em medicina, que está em processo de avaliação pelo Conselho Federal. A médica acredita que é necessário ponderar a superexposição da profissão, mas que a resolução atual necessita de atualizações. “A resolução 1.974 foi muito bem feita para a sua época, mas no tempo em que vivemos, nove anos é muita coisa. Ela passou por uma pequena mudança em 2015 para incluir o WhatsApp. Então, hoje nós temos outras ferramentas, vem por aí a resolução de telemedicina também, e tem toda essa relação médico-paciente que será bem diferente depois da covid”, declarou.
Os especialistas debateram ainda sobre os limites da exposição da rotina nos consultórios médicos, os perigos da promessa de resultados e sobre como a publicidade pode atrapalhar o amadurecimento profissional dos cirurgiões em início de carreira.
Ficou curioso para saber mais detalhes deste encontro? A live segue disponível no nosso canal do Youtube.
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Até a próxima.