Convidados internacionais discutem vazamentos anastomóticos e trauma geriátrico no 34º Congresso Brasileiro de Cirurgia

Uma das primeiras conferências internacionais da 34a edição do Congresso Brasileiro de Cirurgia, que acontece de 2 a 5 de setembro, de forma virtual, contou com apresentações sobre vazamentos anastomóticos e trauma geriátrico.

O primeiro tema foi apresentado por John C. Alverdy, professor de cirurgia da Universidade de Chicago, com a palestra “Anastomotic leak – can we make it disappear?”. O segundo ficou a cargo da professora associada de cirurgia da Harvard Medical School Zara Cooper, que apresentou a palestra “Clinical pathways in geriatric trauma”.

A conferência, realizada na noite de 2 de setembro, foi presidida por Maria Isabel Toulson D. Correia e contou com a presença de Dan L. Waitzberg e Pedro Eder Portari Filho como debatedores.

Vazamentos anastomóticos – podemos fazê-los desaparecer?

John C. Alverdy abriu a conferência mostrando que suas pesquisas indicam que não há cirurgiões “imunes” a vazamentos anastomóticos, devido à origem do problema. “O ponto importante dessa conversa é vocês entenderem que não há dúvidas de que bactérias têm um papel importante na ocorrência de complicações anastomóticas”, disse.

O professor também apresentou o protocolo que desenvolveu com colegas para evitar os vazamentos, considerando a importância das bactérias no processo. Ele envolve a realização de endoscopias durante a cirurgia, assim como no pós-operatório, para monitorar as anastomoses.

Percursos clínicos no trauma geriátrico

Num segundo momento da conferência, Zara Cooper mostrou a importância de os cirurgiões se prepararem para atenderem idosos, principalmente no caso de trauma, situação em que o médico geralmente não conhece o histórico do paciente. “É importante reconhecer a importância da fragilidade quando pensamos em cuidar de pacientes idosos”, disse.

Cooper também apresentou protocolos para atendimento de traumas geriátricos considerando as fragilidades e as perdas que ocorrem com o envelhecimento. Conforme ela, experimentos realizados em diversos hospitais mostram que associar equipes de trauma com equipes clínicas que possam avaliar o estado de saúde do paciente idoso melhora a qualidade do atendimento e os resultados que aquele paciente pode obter.

Debate

Depois das apresentações, os debatedores puderam fazer considerações e perguntas sobre os temas. Neste momento, Alverdy teve a oportunidade de explicar que a melhor forma de garantir uma microbiota mais saudável para evitar vazamentos anastomóticos é por meio de uma alimentação mais baseada em vegetais, com pouca carne, pouca gordura e mais fibras. Fazer exercícios físicos e não fumar também pode ser benéfico.

Ele disse ainda que a maior parte das fístulas, quando identificadas precocemente, podem ser tratadas com drenagem percutânea e antibiótico.

Por sua vez, Zara pode reforçar a ideia de que idosos não têm reserva fisiológica para lidar com trauma em função do próprio processo de envelhecimento, das doenças instaladas e dos tratamentos para elas. Ela disse ainda que a criação de um sistema que ajude a identificar rapidamente as doenças de determinado paciente já é possível.