Riscos para a saúde dos cirurgiões são tema de debate no primeiro dia do 34º Congresso Brasileiro de Cirurgia

A saúde dos cirurgiões esteve em pauta no primeiro dia do 34º Congresso Brasileiro de Cirurgia, que começou nesta quinta-feira (2) e vai até o dia 5, de forma totalmente virtual.

Com o nome “Riscos para a saúde dos cirurgiões”, a mesa-redonda que discutiu o tópico contou com duas palestras: “Saúde mental dos profissionais de saúde na pandemia”, proferida pelo psiquiatra e professor adjunto do departamento de psiquiatria da Unifesp, Thiago Marques Fidalgo, e “Consequências da privação do sono”, apresentada pelo pneumologista e professor associado da disciplina de pneumologia do InCor, Geraldo Lorenzi Filho.

O TCBC Gustavo Peixoto Soares Miguel participou do evento como moderador, enquanto o TCBC Gaspar de Jesus Lopes Filho foi o debatedor do encontro.

Saúde mental dos profissionais de saúde na pandemia

A primeira parte da mesa-redonda foi conduzida pelo psiquiatra Thiago Marques Fidalgo, que explicou que, apesar de a saúde mental dos profissionais da saúde ser uma preocupação desde a Grécia Antiga, ela está em foco no momento devido à presença de uma série de fatores estressores.

“Precisamos lembrar que, além de termos a pandemia, que é um fator estressor, estamos vivendo um período da história mundial de muitas tragédias, muitos problemas, muitas notícias que nos deixam preocupados com o futuro. É nesse contexto de muitas mudanças muito intensas que a pandemia aparece”, disse.

Para lidar com a questão, Fidalgo explicou que é necessário educar os profissionais de saúde sobre o tema, rastrear aqueles acometidos por transtornos mentais e garantir o acesso a tratamento. “Procurar ajuda é fundamental. Isso e investir em qualidade de vida”, recomendou.

Consequências da privação do sono

O pneumologista Geraldo Lorenzi Filho falou inicialmente sobre a importância do sono. “O sono é ativamente programado pelo cérebro, tem várias fases e é fundamental não só para o descanso, mas para a organização da memória, para inibição de radicais livres, para o descanso do sistema cardiovascular. Dormir é tão fundamental quanto se alimentar”, explicou.

Assim, mostrou que a privação de sono – comum entre médicos desde a faculdade – e distúrbios do sono, como a apneia obstrutiva – que atinge a população amplamente – são um problema grave, pois têm impactos negativos no organismo, aumentam a suscetibilidade a doenças e afetam o desempenho do profissional de saúde.

Debate

Após as apresentações, o moderador e o debatedor fizeram algumas perguntas aos palestrantes.

Ao ser questionado sobre a importância dos fatores genéticos no desenvolvimento de transtornos mentais, Fidalgo afirmou que eles são, sim, importantes, mas que “os fatores ambientais são determinantes para o desenvolvimento ou não dos quadros”.

Já Lorenzi Filho, questionado sobre compensação do sono e uso de substâncias para dormir, afirmou que a compensação é apenas parcial, por isso não reverte todos os danos da privação de sono. Explicou ainda que o ideal é investir na higiene do sono, já que é difícil retirar medicação que induz o sono uma vez que se começa a tomá-las.